segunda-feira, 25 de julho de 2011

2011-25070086 - UMA DAS ANÁLISES REFLECTIVAS MAIS LÚCIDAS SOBRE O TEMPO E O MUNDO EM QUE VIVEMOS.‏

Prezados amigos, 

Encaminho para vossas reflexões!

Um abraço.
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ANÁLISE SOCRÁTICA DOS TEMPOS ATUAIS
Frei Betto

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: "Não foi à aula?"
Ela respondeu: "Não, tenho aula à tarde".
Comemorei: "Que bom; então, de manhã, você pode brincar, dormir até mais tarde".
"Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."
"Que tanta coisa?", perguntei.
"Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.

Fiquei pensando:
"Que pena", a Daniela NÃO disse: "Tenho aula de meditação!"

Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.

Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres:
"Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba  precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping Center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.

Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald's...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
"Estou apenas fazendo um passeio socrático."
Diante de seus olhares espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:"

- "Estou, apenas, observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"

  
OBSERVE A SIMPLICIDADE DO TEXTO, MAS, OBSERVE, TAMBÉM, A PROFUNDIDADE DA ANÁLISE COMPARATIVA DOS TEMPOS ANTIGOS E OS ATUAIS.
PERCEBA QUE ANTES, A VIDA SIMPLES NOS PROPORCIONAVA MUITAS ALEGRIAS PELA SIMPLICIDADE. HOJE, A TECNOLOGIA NOS CONDICIONA A FAZER COISAS MECÂNICAMENTE E SEM SENTIDO LITERÁRIO.

AO INVEZ DE UM SHOPPING, PORQUE NÃO UM PARQUE GRAMADO, LEITURA, PICNIQUE, PESCARIA??

AO INVEZ DE FILMES FICCIONAIS E FUTURISTICOS, PORQUE NÃO UM BOM ENRREDO DE BANG BANG OU UM ROMANCE, OU ATE MESMO UMA COMÉDIA??

SEI QUE PODEMOS VIVER SEM ESSAS MODERNIDADES. NÃO INCENTIVO ABOLI-LAS POR COMPLETO, MAS SIM NÃO NOS ESCRAVIZAR-MOS  DELAS. O USO DE UM SHOPPING COM CONSCIÊNCIA E SEM A OBRIGAÇÃO DE TER QUE ESTAR LÁ SÓ PORQUE É SEXTA FEIRA NO FIM DA TARDE OU NO INÍCIO DA NOITE. ESTAR POR ESTAR OU PORQUE É MODA.

PENSE E REFLITA SOBRE ISSO.


POR DOM PAULO DE BEL
EDITOR DO
SINDICATO DO POVO
UM GRITO PARA A REFLEXÃO
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Um comentário:

  1. Prezado Amigo.

    Sou Marilene Ferrão Lima, Empresária do ramo de comercio do vestuário feminino de Alta Costura.
    Reconheço que atualmente educamos nossos filhos pra que sejam superdotados em conhecimentos. Reconhecimento esse que feitopor muitas pessoas tambem, mas que ao mesmo tempo em que criticam praticam.
    Eu mesma mantenho dois filhos ocupados por quase todo o dia.
    Mueu filho mais velho (13 anos) estuda pela manha sua escola normal; Atarde na segunda e quinta, faz ingles. Ainda na segunda, após a aula de ingles, vai para o curso de judo com sequencia na quarta e sexta. Futebolna terça e sexta ás 14 horas e no sabado pela manhã. Natação desegunda a sexta exceto aos sabados a partir das 20:30 horas.
    Gostaria que ele tivesse mais tempo livre para descansar a mente, porem, seria destacado dos "coleguinhas", visto que aqui onde moro, esse é o padrão para uma criança nessa idade.
    Se nãofor assim, passa por um processo de inferiorização perante os colegas do prédio onde moramos.
    Já a menina (7 anos), tem mais tempo livre. Estuda na escola regular pela manhã e a tarde, apenas na quarta a tarde faz aulas de balet e me acompanha na academia nasnoites de segunda, quarta e sexta no horário de 18 as 20 horas.
    ei que assim, o meu filho, esta se preparabdo para mais tarde ser uma pessoa bem estruturado na vida profissional, mas, não esta se desenvolvimento como criança.
    Acho que vou maneirar com ele no proximo ano. Deixarei que escolha suas atividades extras para o período de lazer.
    Ah! ia me esquecendo. Moro em um condominio de alto luxo na barra, mas gostaria de viver, aqui, com a vida simples que tinha antes de casar e que morava em um bairro do suburbio da Leopoldina. Lá, tudo era mais simples e sem frescuras.

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